A intenção inicial deste blog
foi, originalmente, narrar todos os detalhes da
viagem que empreendi em janeiro de 2010, entre Buenos Aires e Mendoza. O
caminho das pedras encontra-se registrado no post original, logo abaixo. Contudo,
após três retornos à Argentina em 2013 e 2014, faz-se necessária uma
atualização, importante para indicar outros passeios e atividades nas duas
incríveis cidades.
Pôr-do-sol retumbante é rotina |
Em janeiro de 2013, resolvi
realizar nova viagem a Mendoza, solitário, com uma mochila nas costas e uma
pancada de idéias na cabeça. O desígnio, desta vez, era atravessar Argentina e
Chile, cruzando estes países numa jornada Atlântico/Pacífico.
Já em outubro de 2013, retornei
ao templo sagrado dos vinhos sul-americanos, desta vez acompanhado e, em abril
de 2014, num grupo de três pessoas, juntei Montevidéu, Colônia Del Sacramento,
Punta Del Este e Buenos Aires no mesmo pacote. As informações abaixo, portanto,
são mesclas destas três viagens, cada uma com suas peculiaridades, limitando-me
à Argentina, objetivo deste blog.
Na Argentina vinícola, o clima é assim |
Em janeiro de 2013, em Buenos
Aires, priorizei a noite, e para tal decidi me hospedar em Palermo, a região
mais boêmia, com boemia para todos os gostos. Instalei-me no honesto Palermo
Soho (El Salvador 4735), incrustado no centro nervoso da
área. Vale cada centavo, na minha opinião, caso sua índole boêmia esteja
aflorada.
Em Palermo,
recomendo o seguinte:
Cervejaria
Temple Bar - Calle Costa Rica 4677 - excelentes cervejas artesanais.
Belo jardim externo, boa música e um movimentado balcão tornam este bar uma
ótima opção noturna.
Sheldon - Honduras 4969 - decoração
incrível, ambiente descolado e bom atendimento, vale tanto para a noitada como
só para o jantar.
Meridiano
58 - Jorge Luis Borges 1689, esq. c/ El Salvador – faça sua refeição no espetacular
terraço, com vista privilegiada para a animação de Palermo. Comida de excelente
qualidade e vinhos com preços honestos.
Pub
irlandês Sullivans - El Salvador 4919 - não é a melhor pedida, pois
costuma estar sempre cheio e com atendimento deficiente, mas está sempre ali,
cheio de boas cervejas e acolhedor.
O Sheldon quebra um bom galho boêmio |
Fora de
Palermo, a opção mais confortável é o ótimo Apart San Diego (Rodriguez Peña
1158). Localização impecável, próxima ao cemitério da Recoleta, à Livraria El
Ateneo da Calle Santa Fé, à “galeria do rock” porteña e a inúmeros restaurantes
menos turísticos e mais acessíveis. Fui muito bem atendido e as instalações são
novas, com mobiliário moderno.
A visita
obrigatória de Buenos Aires, nas noitadas, fora de Palermo, continua sendo o
magnífico bar Cruzat (Sarmiento 1617), localizado no conhecido Paseo La Plaza,
na Avenida Corrientes. Lugar de cervejas artesanais, tem grande programação de
shows e é meu bar preferido em Buenos Aires. Ainda recomendo a cervejaria Buller,
em frente ao cemitério da Recoleta, apesar dos preços mais salgados.
Na viagem
solitária, aluguei uma bicicleta por intermédio da Bicicleta Naranja. Não são
as melhores, mais esportivas e mais confortáveis, mas têm personalidade. Passei
um dia inteiro em bicicleta, por todo o centro histórico da cidade e por
Palermo, incluindo a Casa Rosada, Santelmo, o Congresso, Recoleta, Jardim
Botânico, os Bosques, e por aí vai. A cidade conta com ampla malha de ciclovia,
e se esta é a sua praia, não hesite.
Entre Buenos
Aires e Mendoza, sempre viajarei de ônibus. As várias companhias disponíveis
(Andesmar, Sendas etc.) oferecem várias opções em termos de conforto. Vale como
uma diária de hotel. Compre sua passagem pela internet e saia por volta de 20h,
em qualquer direção. Daí, chegue por volta de 9h e aproveite as poltronas
reclináveis, as refeições incluídas e o bonito panorama mendocino.
Estonteante |
Pois bem. Em
Mendoza, na viagem solitária, hospedei-me no Wine Aparts (Rioja 1738). Objeção:
fica um pouco fora do centro, o que exige uma caminhada de uns 10 minutos até a
Peatonal Sarmiento, a rua de pedestres, centro nervoso da cidade. Contudo, a
cortesia que ali encontrei foi incrível, tanto da proprietária como das
atendentes, o que lhes valeu um comentário muito favorável de minha parte no
meu site preferido de viagens, o booking.com.
Na viagem a
dois, ficamos no hotel Abril Boutique (Patricias Mendocinas 866). A construção
é agradável. Os quartos são um pouco pequenos, mas a localização é ótima, entre
a Praça Independência e a Avenida Colón, próximo à Peatonal Sarmiento e a uma
infinidade de bons restaurantes das redondezas.
La mejor argentina |
Para as
noites de Mendoza, recomendo os seguintes redutos boêmios:
Cerjevaria
Jerome – Aristides Villanueva 347 – cervejas artesanais imperdíveis, das
melhores que já tomei em toda minha vida. Possuem o segredo da água que vem do
degelo dos Andes. O pub, em si, é bem instalado, tem boa música, e fica muito
bem localizado. Ainda tem opção de bons petiscos. Meu lugar preferido em
Mendoza.
Believe
Irish Pub - Colon 241- boa carta de cervejas,
clima alternativo, rock. Boas cervejas regionais valem a visita.
Cervejaria
Antares – Aristides Villanueva 138 – trata-se de uma franquia com bares
em várias partes, mas mantém uma boa qualidade em suas cervejas próprias. É uma
balada certa na noite mendocina, especialmente se você tem mais de 30.
Agora é uma branca |
Sozinho, aluguei
uma bicicleta e fui vagando por várias e várias bodegas da região. O programa
de aluguel de bicicletas e visita a vinícolas é muito comum em Mendoza,
especialmente na microrregião de Maipu, e pode ser facilmente encontrado pela
internet, oferecido por várias companhias. Recomendo o Mr. Hugo (http://mrhugobikes.com),
extremamente atencioso, bem localizado para as incursões etílicas em duas
rodas.
A descolada Tempus Alba |
É fato que
conheci inúmeras bodegas em Mendoza de taxi, de carro alugado ou de bike.
Aproveito o momento para uma rápida impressão sobre cada uma, o que poderá
nortear suas decisões. Imagino que se você vai a Mendoza você gosta de
vinho. E se você gosta de vinho, vá às
vinícolas:
Ruca Malén
– a melhor que conheci. Vinícola direcionada mais à qualidade que à exportação
ou ao comércio, é uma espécie de boutique ou art winery (entenda como quiser
rs). Vinhos de qualidade excepcional. Experimente o Kinien Malbec. Almoço inesquecível. Localização próxima às montanhas (tenho
amigos que almoçaram ali com neve caindo – eu não vi isso!!!). Vale cada
centavo.
Luigi Bosca
– possui um vinho excepcional, o Gala em todas as suas variações, e é uma
bodega luxuosa e convencional. Vale uma visita para degustação.
Lagarde – Aqui
fui muito bem recebido num ambiente rústico, campestre e com excelente almoço
campeiro, sem gastar os tubos e com vinhos de boa qualidade. Gostei da visita e
recomendo para os mais despojados.
O pátio da simpática Lagarde |
Septima –
ao lado da Ruca Malén, belíssima visão das montanhas. Um almoço requintado, uma
tarde no belíssimo terraço, mas não achei os vinhos tão estimulantes. É uma
bodega convencional e não possui tanto charme. Não foi das minhas preferidas,
apesar da comida de excelente nível.
Catena Zapata – Visitação
convencional. Não conheço quem tenha gostado daqui, apesar de possuir a
reputação de fabricar os melhores vinhos da Argentina. Compre-os na loja ou
tome no restaurante e visite outras bodegas.
Belasco de Baquedano – Possui a
Sala dos Aromas, uma boa brincadeira que mostra que você não entende nada de
vinho! Vale a ótima, sensata, breve e acolhedora visita. Foi ali que tomei o
melhor vinho argentino que já provei, o Swinto. Assim, peço que você encontre
um tempinho para ir ali.
A organizadíssima Trapiche |
Norton – É uma visita para iniciantes.
A Norton é bastante comercial e agressiva, e seus vinhos são competentes. Se
for um neófito, vale a visita, pois o local é bonito; se for experiente, gaste
suas energias (e grana) em outra parada.
Trapiche – está na região de
Maipu, onde se encontram as locadoras de bicicleta. É o mesmo caso da Norton,
mas um pouco mais amigável. Recomendo a visita.
Tempus Alba – Também em Maipu, é
a minha preferida da região. Você chega de bicicleta e há um enorme
bicicletário, e vários ciclistas estão ali, presentes, fazendo suas degustações
ligeiras. É possível degustar vários vinhos de qualidade razoável em pequenas
taças, e há lanches bons para o bolso. Ademais, o terraço é belíssimo. Vá, e de
bicicleta. Na volta sai um pouco cambaleante, mas não cassaram minha carteira
de ciclista.
A rústica Di Tommaso |
Di Tommaso – pequena, rústica e
simpática, vinhos razoáveis e almoço de gente grande. Atrai o público ciclista
e despojado, como a anterior.
Carinae – Almocei no meio da
tarde, com a bodega vazia. Provei uma garrafa de ótima qualidade. Não conheci
as instalações para a visitação.
Atamisque – no Valle de Uco, vinícola
pequena, com pouca estrutura. A degustação foi simpática, bastante atenciosa.
Um almoço para gente graúda |
Salentein – A visão das montanhas
do Cordón Del Plata é impressionante. A construção, um enclave de modernidade
no meio do nada, igualmente. São excelentes vinhos, embalados por um grande
restaurante. Passeio obrigatório.
Daí você chega no Tupungato |
Nesta região do Valle de Uco,
recomendo a hospedagem Tupungato Divino (Ruta 89 y calle
los europeos 5561). Alugue um carro, instale-se em um chalé e veja o tempo
passar devagar ao lado das videiras, das vinícolas e das montanhas nevadas.
Lembre-se que com o restaurante que existe ali você não precisará (mesmo) sair
à noite. É um destino acessível e, ao mesmo tempo, de extremo bom gosto e
conforto, longe da cidade.
Oi |
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