terça-feira, 30 de setembro de 2014

Buenos Aires e Mendoza, para os fortes



A intenção inicial deste blog foi, originalmente, narrar todos os detalhes da viagem que empreendi em janeiro de 2010, entre Buenos Aires e Mendoza. O caminho das pedras encontra-se registrado no post original, logo abaixo. Contudo, após três retornos à Argentina em 2013 e 2014, faz-se necessária uma atualização, importante para indicar outros passeios e atividades nas duas incríveis cidades.

Pôr-do-sol retumbante é rotina


Em janeiro de 2013, resolvi realizar nova viagem a Mendoza, solitário, com uma mochila nas costas e uma pancada de idéias na cabeça. O desígnio, desta vez, era atravessar Argentina e Chile, cruzando estes países numa jornada Atlântico/Pacífico.

Já em outubro de 2013, retornei ao templo sagrado dos vinhos sul-americanos, desta vez acompanhado e, em abril de 2014, num grupo de três pessoas, juntei Montevidéu, Colônia Del Sacramento, Punta Del Este e Buenos Aires no mesmo pacote. As informações abaixo, portanto, são mesclas destas três viagens, cada uma com suas peculiaridades, limitando-me à Argentina, objetivo deste blog.

Na Argentina vinícola, o clima é assim


Em janeiro de 2013, em Buenos Aires, priorizei a noite, e para tal decidi me hospedar em Palermo, a região mais boêmia, com boemia para todos os gostos. Instalei-me no honesto Palermo Soho (El Salvador 4735), incrustado no centro nervoso da área. Vale cada centavo, na minha opinião, caso sua índole boêmia esteja aflorada.

Em Palermo, recomendo o seguinte:
Cervejaria Temple Bar - Calle Costa Rica 4677 - excelentes cervejas artesanais. Belo jardim externo, boa música e um movimentado balcão tornam este bar uma ótima opção noturna.
Sheldon - Honduras 4969 - decoração incrível, ambiente descolado e bom atendimento, vale tanto para a noitada como só para o jantar.
Meridiano 58 - Jorge Luis Borges 1689, esq. c/ El Salvador – faça sua refeição no espetacular terraço, com vista privilegiada para a animação de Palermo. Comida de excelente qualidade e vinhos com preços honestos.
Pub irlandês Sullivans - El Salvador 4919 - não é a melhor pedida, pois costuma estar sempre cheio e com atendimento deficiente, mas está sempre ali, cheio de boas cervejas e acolhedor.

O Sheldon quebra um bom galho boêmio


Fora de Palermo, a opção mais confortável é o ótimo Apart San Diego (Rodriguez Peña 1158). Localização impecável, próxima ao cemitério da Recoleta, à Livraria El Ateneo da Calle Santa Fé, à “galeria do rock” porteña e a inúmeros restaurantes menos turísticos e mais acessíveis. Fui muito bem atendido e as instalações são novas, com mobiliário moderno.

A visita obrigatória de Buenos Aires, nas noitadas, fora de Palermo, continua sendo o magnífico bar Cruzat (Sarmiento 1617), localizado no conhecido Paseo La Plaza, na Avenida Corrientes. Lugar de cervejas artesanais, tem grande programação de shows e é meu bar preferido em Buenos Aires. Ainda recomendo a cervejaria Buller, em frente ao cemitério da Recoleta, apesar dos preços mais salgados. 

La buena naranja


Na viagem solitária, aluguei uma bicicleta por intermédio da Bicicleta Naranja. Não são as melhores, mais esportivas e mais confortáveis, mas têm personalidade. Passei um dia inteiro em bicicleta, por todo o centro histórico da cidade e por Palermo, incluindo a Casa Rosada, Santelmo, o Congresso, Recoleta, Jardim Botânico, os Bosques, e por aí vai. A cidade conta com ampla malha de ciclovia, e se esta é a sua praia, não hesite.

La naranja once again


Entre Buenos Aires e Mendoza, sempre viajarei de ônibus. As várias companhias disponíveis (Andesmar, Sendas etc.) oferecem várias opções em termos de conforto. Vale como uma diária de hotel. Compre sua passagem pela internet e saia por volta de 20h, em qualquer direção. Daí, chegue por volta de 9h e aproveite as poltronas reclináveis, as refeições incluídas e o bonito panorama mendocino. 

Estonteante


Pois bem. Em Mendoza, na viagem solitária, hospedei-me no Wine Aparts (Rioja 1738). Objeção: fica um pouco fora do centro, o que exige uma caminhada de uns 10 minutos até a Peatonal Sarmiento, a rua de pedestres, centro nervoso da cidade. Contudo, a cortesia que ali encontrei foi incrível, tanto da proprietária como das atendentes, o que lhes valeu um comentário muito favorável de minha parte no meu site preferido de viagens, o booking.com.

Na viagem a dois, ficamos no hotel Abril Boutique (Patricias Mendocinas 866). A construção é agradável. Os quartos são um pouco pequenos, mas a localização é ótima, entre a Praça Independência e a Avenida Colón, próximo à Peatonal Sarmiento e a uma infinidade de bons restaurantes das redondezas. 

La mejor argentina


Para as noites de Mendoza, recomendo os seguintes redutos boêmios:
Cerjevaria Jerome – Aristides Villanueva 347 – cervejas artesanais imperdíveis, das melhores que já tomei em toda minha vida. Possuem o segredo da água que vem do degelo dos Andes. O pub, em si, é bem instalado, tem boa música, e fica muito bem localizado. Ainda tem opção de bons petiscos. Meu lugar preferido em Mendoza.
Believe Irish Pub - Colon 241- boa carta de cervejas, clima alternativo, rock. Boas cervejas regionais valem a visita.
Cervejaria Antares – Aristides Villanueva 138 – trata-se de uma franquia com bares em várias partes, mas mantém uma boa qualidade em suas cervejas próprias. É uma balada certa na noite mendocina, especialmente se você tem mais de 30.

Agora é uma branca


Sozinho, aluguei uma bicicleta e fui vagando por várias e várias bodegas da região. O programa de aluguel de bicicletas e visita a vinícolas é muito comum em Mendoza, especialmente na microrregião de Maipu, e pode ser facilmente encontrado pela internet, oferecido por várias companhias. Recomendo o Mr. Hugo (http://mrhugobikes.com), extremamente atencioso, bem localizado para as incursões etílicas em duas rodas. 

A descolada Tempus Alba


É fato que conheci inúmeras bodegas em Mendoza de taxi, de carro alugado ou de bike. Aproveito o momento para uma rápida impressão sobre cada uma, o que poderá nortear suas decisões. Imagino que se você vai a Mendoza você gosta de vinho.  E se você gosta de vinho, vá às vinícolas:

Ruca Malén – a melhor que conheci. Vinícola direcionada mais à qualidade que à exportação ou ao comércio, é uma espécie de boutique ou art winery (entenda como quiser rs). Vinhos de qualidade excepcional. Experimente o Kinien Malbec. Almoço inesquecível. Localização próxima às montanhas (tenho amigos que almoçaram ali com neve caindo – eu não vi isso!!!). Vale cada centavo.

Luigi Bosca – possui um vinho excepcional, o Gala em todas as suas variações, e é uma bodega luxuosa e convencional. Vale uma visita para degustação.

Lagarde – Aqui fui muito bem recebido num ambiente rústico, campestre e com excelente almoço campeiro, sem gastar os tubos e com vinhos de boa qualidade. Gostei da visita e recomendo para os mais despojados.


O pátio da simpática Lagarde


Septima – ao lado da Ruca Malén, belíssima visão das montanhas. Um almoço requintado, uma tarde no belíssimo terraço, mas não achei os vinhos tão estimulantes. É uma bodega convencional e não possui tanto charme. Não foi das minhas preferidas, apesar da comida de excelente nível.

Catena Zapata – Visitação convencional. Não conheço quem tenha gostado daqui, apesar de possuir a reputação de fabricar os melhores vinhos da Argentina. Compre-os na loja ou tome no restaurante e visite outras bodegas.

Belasco de Baquedano – Possui a Sala dos Aromas, uma boa brincadeira que mostra que você não entende nada de vinho! Vale a ótima, sensata, breve e acolhedora visita. Foi ali que tomei o melhor vinho argentino que já provei, o Swinto. Assim, peço que você encontre um tempinho para ir ali.

A organizadíssima Trapiche


Norton – É uma visita para iniciantes. A Norton é bastante comercial e agressiva, e seus vinhos são competentes. Se for um neófito, vale a visita, pois o local é bonito; se for experiente, gaste suas energias (e grana) em outra parada.

Trapiche – está na região de Maipu, onde se encontram as locadoras de bicicleta. É o mesmo caso da Norton, mas um pouco mais amigável. Recomendo a visita.

Tempus Alba – Também em Maipu, é a minha preferida da região. Você chega de bicicleta e há um enorme bicicletário, e vários ciclistas estão ali, presentes, fazendo suas degustações ligeiras. É possível degustar vários vinhos de qualidade razoável em pequenas taças, e há lanches bons para o bolso. Ademais, o terraço é belíssimo. Vá, e de bicicleta. Na volta sai um pouco cambaleante, mas não cassaram minha carteira de ciclista.

A rústica Di Tommaso


Di Tommaso – pequena, rústica e simpática, vinhos razoáveis e almoço de gente grande. Atrai o público ciclista e despojado, como a anterior.

Carinae – Almocei no meio da tarde, com a bodega vazia. Provei uma garrafa de ótima qualidade. Não conheci as instalações para a visitação.

Atamisque – no Valle de Uco, vinícola pequena, com pouca estrutura. A degustação foi simpática, bastante atenciosa.

Um almoço para gente graúda


Salentein – A visão das montanhas do Cordón Del Plata é impressionante. A construção, um enclave de modernidade no meio do nada, igualmente. São excelentes vinhos, embalados por um grande restaurante. Passeio obrigatório.

Daí você chega no Tupungato


Nesta região do Valle de Uco, recomendo a hospedagem Tupungato Divino (Ruta 89 y calle los europeos 5561). Alugue um carro, instale-se em um chalé e veja o tempo passar devagar ao lado das videiras, das vinícolas e das montanhas nevadas. Lembre-se que com o restaurante que existe ali você não precisará (mesmo) sair à noite. É um destino acessível e, ao mesmo tempo, de extremo bom gosto e conforto, longe da cidade.

Oi